domingo, 2 de março de 2008

O umbigo nosso de cada dia

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Cada um com o seu, umbigo nosso de cada dia em torno do qual tudo gira, tudo acontece, tudo permanece.
E somos deuses com os nossos umbigos, preocupados que estamos com os nossos negócios, nossas mazelas, a nossa escuridão, a nossa podridão.

Não,
ninguém há-de saber o que se passa, pois somos só nós e os nossos umbigos.
Os senhores da vida e da palavra.
Donos da verdade e da falta dela quando convém.
Donos da dignidade que ninguém vê.
Passeamos, pés acorrentados aos fantasmas do passado, e as marcas, juramos,
ninguém as tem tão profundas e sulcadas, sangrando a nossa última gota do sangue já gelado.

Ninguém.
Não olhamos para o lado, para o que agoniza caído no chão, não.
Porque a nossa dor, ora, é infinitamente maior.
Quem é o fulano, com seu umbiguinho tão pequenininho para se achar no direito
de sofrer mais, ou acreditar que a sua dor seja maior?

Não.
Gente estúpida!
Quanta gente estúpida!
Restamos eu, e meu umbigo.
E a dor, que é minha por merecimento.


1 comentário:

Anónimo disse...

eu gosto do meu umbigo =X