quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Oficina de escrita (IV)

A minha alma dormia. No frio. O meu coração afundava-se e eu lentamente caía. Cinzas a rodear-me, o vento que sopra na minha mente a espalhá-las ainda mais. A minha vida...as cinzas...o fim...
Pensei em procurar as chamas, mas agora dou por mim a implorá-las. Está frio. Apenas um solitário frio.
Agora uma mão. Pequena. Suave. Uma luz, uma vela.
Os meus olhos já não enxergam, estão fechados e não se abrem para ver. Mas eu sinto-a e é estranha. Perco-me nas sensações do frio, do escuro...
Sinto a mão na minha pele.
Pele, eu tinha uma... Vida, eu tinha uma...
Mas aqui não há sol, não há luz... Não há nada.
Uma mão, uma vela, imensa escuridão.
Por quanto tempo estive adormecida? Não consigo acordar, apenas recordo este frio...e as cinzas. Quero gritar, mas nenhum som é expelido da minha boca. Nenhum sussuro.
Esta mão. Esta vela.
Desaparecem.

Voltam novamente. Acendem o meu fogo. Chamas em lugar das cinzas. Não é o inferno, é apenas a vida.
Tenho estado adormecida por séculos, abandonada na sombra. Conheci a morte, talvez. O meu coração encontrava-se seco. Depois frio. Eu estava adormecida no vazio. No escuro.
É quente o calor...
De volta à vida.
Os meus olhos estiveram encerrados por tanto tempo, que receio voltar a abri-los.
Os meus sentimentos têm estado congelados, perdidos, tanto tempo que receio senti-los novamente.
A minha alma tem estado quebrada tanto tempo que receio voltar a tê-la inteira.
De volta à vida, quer goste ou não.
De volta à luta, preparada ou não.
Existe agora um fogo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Usa muita lenha e alimenta esse fogo...
Luta. Vive.

Sê Feliz!

Lu* disse...

para mateus:
sim, vou usar muita lenha.
vou viver, vou lutar!

Dizem k a melhor maneira de morrer é a lutar pelo que mais defendê-mos...

Vou lutar até morrer!
Sempre sem parar!

Quando parar de lutar...é pk a morte xegou...e aí...descanso em paz...