domingo, 9 de setembro de 2007

Oficina de escrita (VII)

Sentada num canto ela embala o sono. Canta para dormir, envolvida em promessas que ninguém parece cumprir...
Mas ela já não chora quando está sozinha, já não existem mais lágrimas, apenas diários com páginas vazias da vida que ela deixara.
Mas ela cantará, até tudo queimar, até deixarem de gritar...
Queimará as mentiras, queimará os seus sonhos, todo o ódio, toda a dor...Tudo se queimará.
A raiva reinará até tudo desaparecer nas chamas.
Anda pela vida sem ser notada, sem ninguém querer saber, consumida na falsidade dos humanos, a cantar para dormir e a dor desaparecer...
Ela ainda canta...
Ela ainda queima... Vendo tudo desaparecer.... Vendo todos a gritar....
E ela a adormecer...
Vê a vida a desaparecer... Tudo o que uma vez teve a não ter jamais. O canto está a desaparecer e com ele a sua vida.
Lança um ultimo soneto, vê a chama a desaparecer...
Tudo se queimou, tudo morreu.
Já não existem gritos, já não existe dor.
Ela adormeceu.

1 comentário:

João disse...

Wraped in all of the promises that no one seems to keep... watching it all fade away...knowing that no one cares... but still she sings... ;)
Muito bem aproveitado