terça-feira, 11 de setembro de 2007

Oficina de escrita (VIII)

O dia escurece. Olho para a rua e o que vislumbro ultrapassa o meu conhecimento racional. Relâmpagos rasgam o céu como cicatrizes que se revelam na noite que há momentos era dia. Sons aterradores que a minha imaginação toma como lutas de deus chegam aos meus ouvidos. Tento ser racional. É apenas um fenómeno da natureza...
Mas porque tenho eu tanto temor de um um simples trovão? Tento buscar nos confins da minha mente a resposta até que outro som daqueles terroríficos me leva dessa busca. Tremo. Não tenho porque tremer, mas tremo. É um medo irracional, que me percorre cada poro da minha pele e que me faz ter medo de sair à rua.
A racionalidade neste momento parece-me uma idiotisse. Este é um medo irracional, mas é um medo que eu tenho. Um pânico. Uma fobia.
Mas porque tenho eu esta fobia? Porque não sou capaz de a ultrapassar?
Dizem que o medo das coisas provém do seu desconhecimento. Eu conheco a trovoada. Sei o que a causa. Sei a resposta biológica da natureza.
Porém este conhecimento parece não ser suficiente para fazer-me ser capaz de deixar de ter medo.
É como se o mundo fosse acabar com um simples trovão. Como se o céu se estivesse a rasgar e a caír e o mundo a ser destruido.
O meu medo leva-me a pensar estas coisas. Sei que não há razao mas não consigo ser racional. Tenho medo pronto. Medo da trovoada. Ninguém me pode culpar.
Cada qual tem o seu medo e o meu é de trovoada. E de solidão.
Solidão na trovoada. O meu maior pesadelo.
Por isso agarro-me a ti quando ela aparece. E quando não estou junto a ti imagino que estou. Imagino-te do meu lado, abraçado a mim e a acalmar-me.
Aí acredito-me capaz de ultrapassar o medo. Aí acredito que sou capaz de sorrir e de estar bem.
Contigo qualquer medo é apenas uma ilusão. Contigo não há medos.

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